Como implacável centauro
Mitológico, poético e complexo
Sua flecha certeira acertou o alvo
Sem possibilidade de reflexo
Cravou fundo meu peito, carne osso
Perfurou, pele e externo, transpassou
Não senti, não vi, menos ainda reagi
Me deixei de bom grado alvejar
De bom grado abri o peito,
E profundamente a flecha entrou
Se alojou rígida e certeira
Em meu desacostumado coração.
Ficou, demorou, desfrutou
Fez do órgão vital sua morada
E quando resolveu não ser mais
Ali seu lugar, a sua estada.
Saiu tão rígida como entrou, Deixando arestas, marcas e pontas
Sangrentas, profundas lembranças,
Em meu peito negro tatuo
Memória de que um dia, esperançosa
Deixei me sentir amor
Sem reciprocidade e zelo
Preenchida de dor, tristeza e recomeço.

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